Dar-nos ao amor,
Afastar a imperfeição, as pequenas gralhas linguísticas, os versos trocados, as raivas
Ganhar-nos concha, forma na humanidade tão injusta
Partilho a promessa das ondas e das últimas bouças e soutos de Barcelos
Conheço-as a dedo e por elas tenho medo
Nidifico no infinito mais desvairado do pecado
Há olhares como filhos para os poemas
Pesco à linha dos seres como se fazia tranversal às pontes, horizontal à àgua
Árdua cana mete-se comigo contra o escuro
Fiz dela um abrigo seguro onde me aquecendo ao borralho
A vida é tricot, enxergas, limpidez do céu, talho e saraivadas de beleza
Preocupo-me que a poesia seja de boa fazenda, só nisso das vaidades
A vida vale pelas pessoas interessantes que conhecemos
Corro por um encontro
Ergo justamente a vossa formusura que nos escuta
A sério queria rachar de beleza o mar
Acho até insensato gostar tanto da vida que se despede
Tenho um bom vinho sempre à mão, para sentir a profundidade do mistério
Acho a música clássica, que só ouço, no maior ascetismo, de uma beleza insuportável
Na minha cabeça ainda estão os chicos, os coelhos, os pintainhos,
as galinhas e a limpeza das manjedouras das vacas
Gosto da verdade das pessoas ,apanhar mato nas matas
A vida contar o infinito do romance
Queria contar a história da humanidade, ensinar a solução única do amor,
uma história bem contada, na fase espartiçada e rara, unidos na minha voz …
e tu chegares eu ser o último a não ficar só, já cumpri a minha parte, é contigo
Francisco Carmelo,10/2/11
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